Nutrição e cuidado dos caballos
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Vitaminas em Cavalos

Como em todas as espécies, os cavalos precisam de um fornecimento adequado de nutrientes para poderem desenvolver tanto a sua actividade quotidiana, como para poderem manter todas as funções vitais do organismo. Os nutrientes são componentes essenciais para o organismo, que podem ou não ser sintetizados pelo animal, mas que em qualquer caso são imprescindíveis; falamos entre outros de: água, energia, proteínas, aminoácidos, fibra digerível, hidratos de carbono, minerais, vitaminas, etc..

As Vitaminas 

Se nos centrarmos nas vitaminas, podemos encontrar no mercado uma grande quantidade de suplementos vitamínicos, todos com diferentes composições e que frequentemente são usados sem haver conhecimento do que realmente são, das suas funções e da necessidade real para o cavalo. Isto pode acarretar riscos, tanto por excesso como por defeito. Mas não devemos esquecer que as vitaminas são um dos principais nutrientes, tanto em poldros e éguas como em cavalos e póneis adultos, os quais sem elas não poderão crescer, reproduzir-se nem trabalhar de uma forma eficaz.
As exigências vitamínicas modificam-se em função da idade, peso corporal, estado produtivo ou fisiológico, stress ou enfermidade. As vitaminas são compostos orgânicos que tradicionalmente se classificaram em dois grupos: Hidrossolúveis, que como o nome indica podem ser solúveis em água (vitamina C, vitaminas do grupo B, etc.) e Lipossolúveis, solúveis em gorduras, (A,D,E,K). Em geral, as vitaminas hidrossolúveis são eliminadas na urina e normalmente são pouco tóxicas, já que não são retidas pelo corpo, enquanto que as vitaminas lipossolúveis podem ser retidas pela gordura corporal e não são eliminadas rapidamente.
De seguida descrevemos algumas das vitaminas mais importantes nos equinos..

Vitamina A

Como é sabido, a vitamina A caracteriza-se por ter um papel importante na visão, mas também é essencial na diferenciação celular, na reprodução, embriogénese, nascimento do poldro e crescimento, e por outro lado intervem na resposta imune contra as infecções. A vitamina A não se encontra presente nos alimentos como tal, encontrando-se em forma de pró-vitamina A (beta-caroteno, retinol) em forragens, sobretudo verdes. Quando a forragem é ingerida, transforma-se em vitamina A. A deficiência desta vitamina causa cegueira noturna, e afecta a resposta imune e a reprodução (mortalidade embrionária). Por outro lado, o excesso de vitamina A causa fragilidade dos ossos, exfoliação dos epitélios e teratogénese. As exigências segundo a NRC 2007, para a manutenção são: níveis de 30 UI por cada  kg de peso vivo  (PV), em crescimento 45 UI/ kg de PV: em reprodução, lactação  e gestação: 60 UI/ kg de PV; para o exercício 45 UI/ kg de PV.   
 

Vitamina D


Também chamada vitamina antirraquítica, intervem na regulação do cálcio e do fósforo no organismo, na sua absorção intestinal e sua excreção renal, como na mobilização do cálcio (e fósforo) dos ossos.
A vitamnia D encontra-se em plantas e animais (forma D2 e D3) e pode ser sintetizada pela pele dos equinos após exposição à luz solar, pela radiação ultravioleta.
A deficiência em vitamina D manifesta-se por deformações do esqueleto por falta de concentração de cálcio e fósforo no mesmo e um excesso da mesma manifesta-se em calcificações dos tecidos moles. As suas exigências variam em função da exposição dos cavalos à luz solar, mas de acordo com a NRC2007 em geral são de 6,6 UI / kg de PV; em poldros aumenta em 22,2-17,4-15,9-13,7 UI/kg de PV, para poldros de 0-6 / 7-12 / 13-18 / 12-24 meses, respectivamente.

Vitamina E

A vitamina E é conhecida como “vitamina antioxidante” pelo seu papel protector de lípidos das membranas celulares, protector muscular e interveniente no metabolismo energético e na resposta imune. Tem muitas formas activas mas a forma “alfa tocoferol” é a mais activa.
Os pastos frescos, forragens verdes, são uma boa fonte de vitamina E, enquanto que os cereais a disponibilizam em muito menor quantidade. Quanto maior a maturação da planta e mais prolongado o tempo de armazenagem, menor é a presença daquela vitamina.
As deficiências de vitamina E causam problemas como a doença do músculo branco em poldros, a doença degenerativa da espinha dorsal: mieloencefalopatia degenerativa equina (EDM) , doença neuro-motora equina  (EMND). Pelo contrário, não se pôde demonstrar toxicidades destacáveis nos cavalos provocadas por aquela vitamina.
Segundo a NRC 2007, as exigências são de 1 UI/kg PV em manutenção, 2 UI/kg PV em crescimento, reprodução, lactação e gestação. Níveis de  2; 2,25 e 2,5  U.I. por Kg PV serão necessários para o exercício ligeiro, moderado e intenso, respectivamente.

Vitamina K

A vitamina K é conhecida como a vitamina anti-hemorrágica ou de coagulação. Normalmente não ocorrem deficiências em vitamina K,  mas estas podem dar-se quando os alimentos ingeridos estão mofados, provocando a diminuição do tempo de coagulação e provocando hemorragia.
As forragens contêm maior quantidade de vitamina K que  os cereais. Esta pode ser sintetizada pelos microorganismos do ceco e do intestino grosso. Até ao momento não foram determinadas as exigências de vitamina K para os cavalos.
Tiamina
A tiamina ou vitamina B1 é necessária para a contracção muscular intervindo no metabolismo dos hidratos de carbono utilizados na síntese de ATP.  Encontra-se em cereais e em maior quantidade na levedura de cerveja. Deficiências desta vitamina podem causar anorexia, falta de apetite ataxia, descoordenação muscular, tremores perda de peso etc.. Não se pôde demonstrar a toxicidade da mesma nos cavalos. As exigências segundo a NRC 2007 são de 0,06 mg / kg de peso vivo para a manutenção.
Riboflavina
A Riboflavina ou B12 intervem em mecanismos de defesa antioxidante e no metabolismo energético, na utilização de hidratos de carbono, gorduras e proteínas. Encontra-se em maior concentração em leguminosas, como a luzerna e em menor quantidade nos cereais. Pode ser sintetizada pelos microorganismos do ceco e intestino grosso. Os sinais de deficiência não foram demonstrados em cavalos, mas sim em outras espécies onde a conjuntivite é um dos sintomas associados. As exigências segundo a NRC 2007 são de 0,04 mg / kg  de peso vivo para a manutenção.
Niacina
A Niacina ou ácido nicotínico é um componente do sistema enzimático que intervem na diferenciação celular, mobilização do cálcio celular, digestão de hidratos de carbono, gorduras e proteínas.
Está presente nos grãos de cereais, mas também se encontra na luzerna e na farinha de soja. Os sintomas de deficiência não foram demostrados em cavalos, mas em outras espécies aparecem lesões na pele e no sistema digestivo. As exigências nesta vitamina não foram estabelecidas.
Biotina
A biotina actua como co-enzima do metabolismo de hidratos de carbono, gorduras e proteínas. A maior concentração encontra-se na luzerna, seguida pela aveia e depois pelo milho. Pode ser sintetizada em pequenas quantidades pelos microorganismos do intestino. Evidenciaram-se problemas em cascos de cavalos submetidos a deficiências crónicas de biotina, por isso são recomendáveis tratamentos com esta vitamina. A aparição de dermatites severas noutras espécies também foi demonstrada. Não existem considerações sobre a sua toxicidade em cavalos. As exigências não foram estabelecidas, embora a suplementação para melhorar a integridade dos cascos tenha sido demostrada

Acido Fólico

O ácido fólico é importante nos tecidos de grande crescimiento e na renovação celular. O consumo de forragens verdes proporciona melhores níveis de ácido fólico comparativamente ao consumo de fenos já processados e pode ser sintetizado pelos microorganismos do intestino. A aparição de anemias foi evidenciada em outras espécies mas, em cavalos não foi demonstrada. Na espécie humana, em mulheres grávidas, a sua deficiência relaciona-se com menor peso do recém-nascido, atraso do crescimiento do feto e defeitos do tubo neural. É uma vitamina classificada como não tóxica, embora doses elevadas injectadas possam causar convulsões epilépticas. As suas exigências não foram determinadas.

Vitamina C

A vitamina C ou ácido ascórbico tem uma função antioxidante, protege os tecidos respiratórios, e em parte pode ser sintetizada pelo cavalo a partir da glucose.
Embora as exigências e os níveis de deficiência e toxicidade não tenham sido determinados, os níveis séricos encontraram-se em valores inferiores ao habitual em procesos pós-operatórios, infecciosos, traumáticos, processos obstrutivos respiratórios, em cavalos com mais de 20 anos de idade e em cavalos de raid pós-exercício, pelo que pode ser interessante uma suplementação com esta vitamina.
Para concluir diremos que são necessários mais estudos para poder determinar exactamente qual o nível óptimo das vitaminas nos cavalos e para poder conhecer exactamente todas as suas funções, já que muitas delas são extrapoladas de outras espécies. Os níveis indicados são exigências mínimas, mas no futuro deveremos conhecer com maior profundidade os níveis para obter um melhor rendimento desportivo e reprodutivo.