Ver um cavalo a pastar transmite serenidade, mas para ele não é apenas prazer: é uma necessidade nutricional e mental.
No blog da Pavo exploramos o papel da forragem na dieta do cavalo, o seu valor nutricional, o impacto na saúde intestinal, no equilíbrio psicológico e como escolher o tipo mais adequado para cada situação.
O que é a forragem e por que é tão importante?
A forragem corresponde à parte vegetal das plantas que os cavalos podem consumir. Pode ser oferecida fresca (erva) ou conservada por secagem (feno), fermentação (henolagem) ou desidratação.
A forragem constitui a base da alimentação do cavalo e deve representar pelo menos 70–80% da dieta total. Além de fornecer energia, fibra e nutrientes, contribui para o bem-estar, prevenindo problemas digestivos e comportamentos estereotipados.
Funções da forragem na dieta do cavalo
Aporte nutricional:
A forragem fornece energia, fibra, proteínas, vitaminas, minerais e outros nutrientes essenciais. A sua qualidade influencia diretamente a dieta global do cavalo, pelo que deve ser cuidadosamente selecionada.
Saúde digestiva:
A fermentação da fibra no intestino grosso, pela microbiota, é essencial para a digestão. Uma forragem adequada, combinada com o alimento concentrado, ajuda a prevenir diarreias, cólicas e laminites.
Equilíbrio mental e bem-estar:
Os cavalos necessitam de mastigar durante muitas horas por dia. A forragem, pelo volume e tempo de mastigação que exige, mantém-nos ocupados, desgasta os dentes corretamente e previne comportamentos estereotipados.
Tipos de forragem para cavalos: leguminosas, gramíneas e complementos
Feno
Feno seco obtido após corte e conservação das plantas por secagem natural ou mecânica. Pode ser de gramíneas, leguminosas ou misturas, e a qualidade depende do momento da colheita, armazenamento e proporção folhas/talhos.
Forragens de leguminosas
As forragens de leguminosas, como a luzerna ou o trevo, destacam-se pelo elevado teor em proteína, cálcio e energia. São ideais para dietas específicas, mas devem ser usadas com moderação para evitar desequilíbrios nutricionais.
Feno de luzerna (Medicago sativa)
- O mais conhecido e utilizado.
- Muito rico em proteína (até 18–20%), cálcio e energia.
- Ideal para cavalos em crescimento, éguas lactantes ou cavalos com baixo peso.
- Não deve ser usado como único forragem, pois o excesso pode desequilibrar a dieta.
- Muito palatável; geralmente misturado com feno de gramíneas.
Feno de veza (Vicia sativa ou Vicia villosa)
- Mais suave que a luzerna, com menor teor de proteína.
- Frequentemente usado em misturas com aveia ou gramíneas.
- Bom para enriquecer forragens mais pobres ou secos.
- Pode conter mais fibra digestível que a alfafa.
Feno de trevo vermelho (Trifolium pratense)
- Rico em proteína e cálcio, mas ligeiramente menos energético que a luzerna.
- Requer secagem cuidadosa para evitar riscos de bolor.
- Beneficia a microbiota intestinal se usado em quantidades moderadas.
Feno de trevo branco (Trifolium repens)
- Menor tamanho e rendimento que o trevo vermelho.
- Habitual em prados mistos; raramente cultivado como feno único.
- Aporta variedade em misturas de forragens.
Considerações sobre forragens de leguminosas
- Mais nutritivas, mas também mais concentradas; não devem ultrapassar um terço da forragem diária total.
- Devem ser usadas com cautela em cavalos com problemas renais, metabólicos ou baixa exigência nutricional.
- Recomenda-se misturar com forragens de gramíneas para equilibrar a dieta.
Forragens de gramíneas
As forragens de gramíneas apresentam perfil nutricional mais equilibrado e menos concentrado. São ricas em fibra, com teor moderado de proteína e energia, adequadas para a maioria dos cavalos.
Feno de festuca (Festuca arundinacea)
- Fibra longa, boa palatabilidade.
- Proteína moderada.
- Bem tolerado pela maioria dos cavalos.
- Pode conter mais lignina se colhido tardiamente.
Feno de dáctilo (Dactylis glomerata)
- Muito digestível.
- Rico em fibra digestível.
- Boa opção para cavalos com necessidades energéticas médias.
- Pode ter caules mais duros se colhido maduro.
Feno de ryegrass (Lolium perenne ou multiflorum)
- Palatável e com boa qualidade nutricional.
- Comum em prados mistos.
- Níveis aceitáveis de proteína.
- Pode conter mais açúcares solúveis; atenção em cavalos com risco metabólico.
Feno de timothy (Phleum pratense)
- Muito valorizado em países anglo-saxónicos; cada vez mais frequente em Portugal.
- Alta qualidade, digestibilidade excelente, aroma suave.
- Baixo teor de açúcares, ideal para cavalos com laminites ou síndrome metabólico.
- Preço mais elevado, sobretudo se importado.
Feno de bromo (Bromus inermis)
- Textura agradável e perfil nutricional equilibrado.
- Pouco comum, mas presente em algumas misturas.
- Bem aceite pelos cavalos.
Feno de aveia (Avena sativa)
- Apesar de ser um cereal, inclui-se frequentemente como gramínea.
- Menos fibroso, mais energético.
- Pode conter espigas, aumentando o teor de amido.
- Mais indicado como complemento que como base de forragem.
Forragens de prado
- Misturas naturais ou cultivadas de gramíneas e, por vezes, leguminosas como trevo ou luzerna.
- Melhoram a qualidade nutricional e palatabilidade.
- Valor depende do momento de corte, proporção folha/caule e secagem.
- As folhas aportam mais nutrientes; os caules mais fibra não digestível.
Outros tipos de forragem e complementos
Erva verde
- Alta percentagem de água, muito digestível.
- Sozinha raramente é suficiente (quantidade e qualidade).
- São necessários mais de 70 kg por dia para um cavalo de 500 kg.
- Requer boa gestão do prado.
- Geralmente combinada com outros forragens e concentrados.
Henolagem
- Forragem fermentada, alta humidade, baixo pó; ideal para cavalos com problemas respiratórios.
- A sua produção e conservação exigem rigor.
- Deve ser consumida rapidamente após abertura.
Polpa de beterraba
- Considerada “superfibra”: alta digestibilidade (80%) e fornece energia sem amido.
- Não deve ser usada como única fonte de fibra.
Palha
- Pouco nutritiva, rica em lignina não digestível.
- Baixo valor nutricional e risco de impacto intestinais.
- Não recomendada como alimento; útil apenas como cama.
IMPORTANTE:
Se um cavalo for alimentado apenas com forragem, é necessário fornecer um suplemento equilibrador para suprir carências. Os nossos produtos recomendados são: Pavo Vital (suplemento granulado) e Pavo DailyFit (suplemento em pastilhas).
Fibra: a chave invisível da forragem
O que é a fibra?
É um tipo de hidrato de carbono estrutural presente nas paredes celulares das plantas.
Fibra digestível: fermenta no intestino grosso, gerando energia sob a forma de ácidos gordos voláteis.
Fibra não digestível: não fermenta, mas ajuda o trânsito intestinal.
Benefícios da fibra na dieta do cavalo:
- Mantém uma microbiota intestinal saudável.
- Fornece energia de libertação lenta sem excitar o cavalo.
- Atua como reservatório de água no intestino.
- Estimula mastigação, salivação e desgaste dentário.
- Reduz o risco de úlceras gástricas.
Quanta forragem deve comer um cavalo?
A quantidade mínima recomendada de forragem é de 1,5% do peso corporal em matéria seca. No entanto, a forragem não é totalmente seca — contém sempre alguma humidade: no caso do feno é cerca de 10%, enquanto a erva verde tem percentagens muito superiores.
Na prática:
Para um cavalo com 500 kg:
- Necessita de, no mínimo, 7,5 kg de forragem em matéria seca
- Considerando 10% de água no feno → o equivalente a cerca de 8,3 kg de feno “tal como está”
Regra prática: “a regra do “x2” para feno
Para simplificar cálculos no dia-a-dia, multiplicar por 2 o número de centenas do peso do cavalo
Exemplo: Um cavalo de 500 kg → 5 × 2 = 10 kg de feno por dia
Como melhorar a qualidade da forragem
Quando a forragem disponível não é suficiente ou não tem a qualidade desejada, é possível recorrer a substitutos ou complementos.
Substitutos de forragem da Pavo:
- Pavo FibreBeet – mistura de luzerna e polpa de beterraba; melhora o valor do forragem base.
- Pavo SpeediBeet – polpa de beterraba de alta digestibilidade com redução de açúcar.
- Pavo FibreNuggets – forragem prensada de alta qualidade para reidratar.
- Pavo FibreNuggets Hard – forragem prensada de alta qualidade sem necessidade de hidratação.
- Pavo DailyPlus – mistura rica em fibras longas que estimula a mastigação.
- Pavo SeniorFibre – para cavalos idosos ou com problemas dentários.
- Pavo WeightLift – ideal para cavalos com baixo peso ou em treino exigente.
Qual é a melhor forragem para cada tipo de cavalo?
Depende sempre do estado e das necessidades individuais:
Éguas gestantes ou lactantes: maior aporte de proteína e cálcio → incluir alfafa
Cavalos com asma: heno-silagem ou forragens sem pó
Cavalos nervosos: evitar amido, preferir superfibras
Poldros em crescimento: forragens nutritivas com bom equilíbrio cálcio-fósforo
Cavalos em manutenção: feno de boa qualidade é suficiente
Cavalos idosos: forragens de fácil mastigação e digestão
Conclusão — Sem boa forragem, não há boa dieta
A forragem não é um simples enchimento. É a base de uma dieta equina equilibrada, segura e adaptada às necessidades de cada animal. A escolha da quantidade, qualidade e tipo de forragem tem impacto direto na saúde, desempenho e bem-estar do cavalo.
Quando a forragem disponível não é adequada, a dieta pode ser otimizada com recurso a substitutos específicos. A Pavo dispõe de uma gama desenvolvida precisamente para estas situações — porque cada cavalo merece a forragem certa.
